O que é o Ventre? Um Cálice Sagrado parte 04

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A junção dos ossos ilíacos com o sacro constitui a cintura pélvica, o que conhecemos popularmente por bacia, sendo responsável pela sustentação das vísceras. 




A região sacrococcigiana, formada pelos ossos do cóccix e do sacro, coloca a cintura pélvica em contato com toda a coluna vertebral, também a articulação do fêmur comunica o ilíaco ao restante da perna.
A cintura pélvica é uma articulação semimóvel, ou seja, com movimentos limitados, enquanto que a articulação do fêmur é móvel, possuindo movimentos livres.
A cintura pélvica pode ser entendida como um cálice que sustenta os orgãos reprodutores, o sistema urinário e assim por diante. 
Na terminologia das danças sagradas, esta região é considerada o Cálice Sagrado pois é considerado o centro da energia criativa para a procriação da vida, nossa deusa: Afrodite, em carne, sangue e ossos. 
A memória muscular desta região está na própria manifestação da sexualidade reprodutiva, projetada durante os rituais de fecundidade através de movimentos de vibração e ondulações.  

A região do Ventre está relacionada com as gônadas, glândulas das funções sexuais e reprodutoras, está também, ligada ao hipotálamo e à hipófise, constituindo parte de um complexo circuito nervoso e hormonal, cuja energia criativa pode ser forte como um touro quando ativada.
Aliás, a semelhança, curiosa, entre a cabeça da vaca e o formato do sistema, reprodutor, feminino faziam deste animal, o símbolo de Isis e de Hathor, mas essas relações remontam a pré-história.

Os grupos nômades do paleolítico projetavam tais imagens com um intuito maior, por exemplo, a dançarina ao concentrar-se nos cornos da deusa, estava concentrando-se em seu próprio ventre, utilizando a sua própria memória sexual/reprodutora aliada à pròpria realidade da terra.
Nestes tempos se conjecturava, de forma mágica sobre as manifestações artíticas, o ato de dançar, era um ato de incorporação, de auto concentração e auto conhecimento da própria sexualidade ampliada nas condições de fertilidade da natureza.
O Ventre representava, em pequena escala, o ovo cósmico, gerador de todo o Universo, por isso, as primeiras sacerdotisas sustentavam um abdomen avantajado, também as deidades eram representadas assim, destacando a capacidade reprodutora e maternal feminina. (foto lado direito -Venus de Willendorf, objeto ritual paleolítico inferior)
O Ventre não reserva apenas o lado criativo, e sim, parte dos órgãos de limpeza: o intestino grosso, bexiga e os rins, coincidência, ou não, nas doutrinas egípcias, hindus e árabes, esta região é regida pelo elemento água, fisiologicamente, no intestino grosso ocorre a maior absorção de água, a bexiga é um órgão que armazena líquido e os rins são responsáveis por filtrarem as impurezas tóxicas do sangue, também líquidas. 

Assim o Ventre deve ser visto como o nosso Cálice sustentador da essência da criação e de um sistema de filtragem e limpeza das impurezas, nada mais justo que considerá-lo sagrado. Nada mais justo que respeitarmos o nome: Dança do Ventre.

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Isis Zahara




fonte:
ZAHARA, Isis Dança do Ventre - O Corpo como território da Deusa, 2005 Apostila



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